segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Quero ler mais. Quero escrever mais. Quero mais cultura inútil, piadinhas espontâneas e achar mais graça em mim mesma. Quero matar a saudade de velhos amigos. Quero ajudar minha mãe em qualquer coisa, ouvir casos antigos e fazer fofoca do vizinho chato. Quero ver filme ruim, falar sobre política sem ser obrigada, conversar com poetas nas praças e com bêbados nos botecos. Quero acompanhar meu Cruzeiro nos jogos. Quero ver desenho, ler revistinha e jogar videogame. Quero churrasco o dia inteiro, dançar música baranga com meus amigos e paquerar o garçom feio só pra ele caprichar no chorinho da dose. Quero malhar, me sentir saudável. Quero amar e ser amada por alguém que valha a pena. Quero fazer valer a pena.

Ahh rotina insuportável! Como diria Drummond, "Êta vida besta, meu Deus." ...


"A finalidade da vida é para cada um de nós o aperfeiçoamento, a realização plena da nossa personalidade. Hoje, cada qual tem medo de si próprio; esquece o maior dos deveres: o dever que tem consigo mesmo." - Lorde Henry, de Oscar Wilde, em O Retrato de Dorian Grey

sábado, 10 de julho de 2010

Sobre mim

Renata, Rê, Renatinha, Tatinha. Poucos apelidos, cada um exercendo um papel. Mineira com orgulho. Ariana legítima e "da gema". Fui uma criança solitária, mas muito sapeca. Apanhei um bocado, ficava ofendidíssima na época, mas sei que mereci. Nunca fui uma adolescente rebelde, muito menos crisenta. Amadureci com 16 anos, passei a ver tudo de uma outra forma e a valorizar o que realmente importa. Hoje dificilmente alguém irá me ver triste ou preocupada por bobagens. Aliás, bom humor é uma das minhas principais características.

Amo histórias, somente elas desligam minha hiperatividade. Filmes. Livros. Conversas. Dizem que sou ótima ouvinte. Falo muito, mas falo pouco. São poucas as pessoas que sabem da minha vida. Já me decepcionei tão feio que minha confiança plena é rara. História. Arte. Política. Literatura. Cores. Fotografia: câmeras, imagens, luzes, olhares, momentos. Minha grande paixão, desde criança. Já quis ser arqueóloga, médica e biomédica, sou feliz na Comunicação. Tenho dificuldade com contas, dados e números, ainda bem que tenho amigos honestos.

Não sei o que quero para o meu futuro, não faço planos a longo prazo. Sei exatamente o que não quero, tenho metas e objetivos. Parece contraditório, mas eu me entendo. Quero filhos e vários cachorros, é um dos poucos planos para o futuro que tenho. Mar, cachoeira, piscina, chuveiro. Água me tranqüiliza. Cachorro, gato, peixe, cavalo, galinha, coelho. Apaixonada por bichos. Admiradora e observadora de pessoas. Convivo bem com todo tipo de gente, não me importo com classe social, ideais, personalidades, orientação sexual, estilos.

Sou extremamente fiel. Traição é inadmissível, não posso dizer que jamais irei fazê-la, mas luto para nem pensar na possibilidade de acontecer. Válido para as amizades também. Respeito, sempre. Compromissos, responsabilidades. Procuro manter o valor da minha palavra. Gosto de pessoas diretas e sinceras, não suporto enrolação. Defeitos, vários. Autocrítica demais, fechada, ansiosa, hiperativa, inquieta, impaciente. Ficar sem fazer nada me irrita. Sou muito pacífica, mas longe de ser uma das melhores pessoas para se arrumar briga.

Vinho. Champagne. Vodca com energético. Cachaça. Raramente dispenso uma boa cerveja. Sou pau pra toda obra, churrascão com funk ou uma boa conversa em um café, só me chamar. E se eu falo que eu vou, eu vou. Dançar até amanhecer. Ser a companhia de alguém, mesmo que só para um filme. Sair para jantar. Gostos e hábitos excêntricos, morro de preguiça de gente previsível. Surpreendo as pessoas facilmente, gosto disso.

Aprendendo a esperar o momento certo para agir.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Das vantagens de ser bobo

Raramente coloco textos inteiros de outras pessoas aqui. Mas este merece, por mais clichê que já tenha se tornado. E Clarice é sempre Clarice, né!


Das vantagens de ser bobo - Clarice Lispector

" O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."

Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.

O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.

Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.

Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"

Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!

Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.

O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.

Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!

Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo. "



E por mais que quase sempre eu me decepciono, ainda prefiro ser boba e ingênua, pois vale a pena acreditar nas pessoas. E afinal, não dizem em todos os orkuts, revistas de fofoca e agendas que "decepção não mata, ensina a viver"? =)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Quase

Quase "matei" esse blog. Quase. Porém encontrei um pouco da minha vida em alguns textos anteriores, me faltou coragem. É bom relembrar algumas fases por qual passamos, preferi, então, salvá-lo, mantendo minha proposta da terapia textual, de onde surgiu a ideia do blog.

Estou quase conseguindo falar sobre meus sentimentos. Quase. Continuo divagando páginas sobre qualquer coisa que eu conheça, ainda mais agora que ando mais formal e prolixa como nunca (profissionalmente falando), mas um mísero parágrafo sobre o que sinto até sai, mas sai sofrido.

Na verdade detesto essa coisa de quase. Ainda mais eu, tão racionalmente impulsiva. Isso mesmo, racionalmente impulsiva, qualquer hora falo sobre. O quase me soa como uma espécie de fracasso, de covardia. "Eu quase liguei" "Eu quase comprei aquela blusa" "Eu quase viajei"... Tem gente que mergulha numa vida quase, que quando assusta, passou, virou "já era" e ela nem viu.

Mas o quase, nesse caso, está sendo válido. Sinal que eu mudei. Estou indo, qualquer hora eu chego. Quem sabe não está é faltando um empurrão de alguém?

"É curioso que não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto, como o que sinto se transforma lentamente no que digo."

(Clarice Lispector)